Em 27/08/2015

Caixa adota restrição adicional para financiamento imobiliário


Quem tem empréstimo com recursos da poupança não poderá mais tomar outro crédito dessa linha


SÃO PAULO - A Caixa Econômica Federal fará uma restrição adicional para financiamento imobiliário, diante da prolongada sangria dos recursos da caderneta de poupança.

A partir do dia 17, quem tem contrato de financiamento na Caixa com recursos da poupança, através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), não poderá mais tomar outro crédito dessa linha, informou o banco federal em nota nesta quarta-feira.

“Essas operações representam apenas 2,4% da quantidade de financiamentos concedidos pelo banco”, informou a Caixa em nota.

O banco federal destacou ainda que o foco da instituição em 2015 são imóveis novos, com destaque para a habitação popular, operações do Minha Casa Minha Vida e recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Segundo a Caixa, essas operações “de habitação popular não tiveram nenhuma alteração”.

Maior concessora de empréstimos para compra da casa própria no país, com cerca de dois terços do mercado, a Caixa vem tomando desde o começo do ano sucessivas medidas para restringir o acesso ao financiamento imobiliário.

Neste ano, o banco já elevou duas vezes o preço cobrado dos empréstimos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), além de reduzir, de 90% para 80%, a cota máxima de financiamento do imóvel no Sistema de Amortização Constante (SAC) e 50% pela tabela Price.

Um dos motivos desse movimento é o aumento da taxa básica de juros Selic, que tem provocado migração de recursos da poupança para alternativas mais rentáveis, como títulos públicos.

Segundo o Banco Central, os resgates da poupança superaram os depósitos em junho pelo sexto mês consecutivo, levando a saída líquida no primeiro semestre a R$ 36,15 bilhões.

Dados preliminares do BC de julho mostram que os resgates líquidos no mês passado até dia 30 somaram R$ 5,53 bilhões, com a saída total em 2015 superando R$ 40 bilhões.

O crédito imobiliário financiado com recursos da poupança era de R$ 104,4 bilhões em junho, o menor desde pelo menos 2003. No primeiro semestre, os desembolsos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) caíram 16%, segundo a Abecip, entidade que representa os financiadores do setor.

Enquanto a Caixa desacelera no crédito imobiliário, rivais como Banco do Brasil e Itaú Unibanco têm ampliado os desembolsos para habitação, buscando se concentrar em segmentos de crédito tidos como de menor risco num momento de economia em retração.

Na terça-feira, o Itaú anunciou que o crédito imobiliário e o consignado foram os únicos a crescerem no segundo trimestre ante os primeiros três meses de 2015.

Já o BB anunciou há duas semanas uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para o setor imobiliário, oferecendo financiar até 90% de imóveis avaliados em até R$ 400 mil.

Impacto

Profissionais do mercado imobiliário tiveram reações distintas ao anúncio da medida. Para o vice-presidente de habitação popular do SindusCon-SP, Ronaldo Cury, o impacto da restrição será pequeno.

— Na prática não muda muita coisa. É muito baixo o percentual de quem consegue comprar dois imóveis — disse.

Já a fundadora da Akamines Negócios Imobiliários, Daniele Akamine, tanto potenciais mutuários como construtoras serão bastante prejudicados, especialmente na comercialização de imóveis na planta.

— O prazo médio entre a compra de um imóvel na planta e o início do contrato de financiamento com o banco é de dois anos — disse ela. — Quem já estava nesse processo agora é surpreendido e terá que buscar financiamento em outros bancos, que normalmente cobram taxas de juros maiores.

Fonte: O Globo

Em 6.8.2015



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