Em 28/05/2018

Clipping – Jornal Opção - Venda de imóveis cresce 127% em Goiás


Após período ruim, setor imobiliário começa a se reaquecer e especialistas apontam cenário positivo para 2018


Com boas perspectivas para este ano, o mercado imobiliário em Goiás voltou a prosperar, segundo avaliação da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). Em 2017, de acordo com um levantamento da instituição, a venda líquida – número de unidades vendidas menos os distratos – apresentou um crescimento de 127% em relação ao ano anterior. A promessa continua sendo a de reaquecimento econômico. Segundo a associação, o número de lançamentos de novos empreendimentos deve aumentar mais de 106% em 2018. Mais 33 lançamentos devem ser realizados neste ano na Grande Goiânia contra os 16 que foram lançados em 2017.
 
A estagnação do setor nos últimos anos não foi vivida somente por Goiás. A saúde do mercado imobiliário brasileiro foi gravemente abalada pela crise econômica enfrentada recentemente pelo País. O Brasil encontra-se formalmente em recessão desde o segundo trimestre de 2014, segundo o Comitê de Da­tação do Ciclo Econômico (Codace) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os sinais de recuperação foram registrados apenas a partir de 2017, quando, entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou pelo terceiro trimestre seguido. O restabelecimento, portanto, já pode ser constatado. Especialistas acreditam e pesquisas apontam que o mercado, de fato, está começando a respirar espontaneamente.
 
Em território goiano, o estudo Indicadores Nacionais do Mercado Imobiliário apresentado pelo Sindicato da Indústria da Cons­trução no Estado de Goiás (Sinduscon-GO) revela que a retomada da economia imobiliária se destaca. As cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia, logo no segundo trimestre de 2017, apresentaram crescimento na quantidade de lançamento de novas unidades e na taxa de vendas. Os dados mostraram que 1.260 unidades foram comercializadas na região entre abril e junho. No mesmo período do ano passado, foram 901 unidades vendidas.
 
Para o presidente da Ademi-GO, Roberto Elias, a melhoria é concreta. “A prova disso é que vários lançamentos ocorreram no primeiro trimestre. Houve um crescimento de lançamentos e também de vendas”, afirma. Além disso, o presidente explica que houve redução no número de distratos, ou seja, caiu o índice de contratos anulados, o que torna a luz no final do túnel ainda mais cintilante. Inclusive, a queda no número de imóveis devolvidos pelos compradores pode representar mais um vislumbre de recuperação. É o que mostra uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Segundo o levantamento, no Brasil, o índice caiu de 46.719, em 2016, para 33.353, em 2018.
 
Crédito
O economista e professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Danilo Orsida, também acredita que o cenário para o setor imobiliário é de expansão. Um dos motivos seria a viabilização oferecida por programas de acesso a crédito. “Cito como exemplo os programas da Caixa Econômica, que fazem uso do dinheiro do FGTS como forma de financiamento do setor imobiliário”, explica. O economista destaca também o déficit habitacional pelo qual o País vem passando na última década. Para suprir essa demanda foram criados programas como o Minha Casa Minha Vida, que acabam incentivando o surgimento de novos empreendimentos.
 
É quase um consenso entre especialistas que o acesso a crédito configura-se entre os elementos importantes para o desenvolvimento do setor. Assim como Orsida, o presidente da Ademi-GO, Roberto Elias, afirma que crédito torna o investimento possível. De acordo com dados do Banco Central, as taxas médias de mercado para financiamento imobiliário para pessoas físicas reduziram de 15,4% em janeiro de 2017 para 11,3% em fevereiro deste ano. As taxas estavam congeladas desde novembro de 2016, não acompanhando as sucessivas quedas da taxa básica de juros da economia, a Selic.
 
Goiás em evidência
Em Goiás, o panorama parece ser ainda mais positivo. Segundo a pesquisa da Fipe, Goiânia está entre as capitais que lideram a recuperação do mercado imobiliário. Em solo goianiense, foram vendidos 5.170 imóveis novos em 2017. Uma alta de 23% em relação ao ano anterior. Em todo o Estado, conforme levantamento da Ademi, as vendas cresceram 127%, movimentando R$ 2,5 bilhões, valor que ultrapassa o dobro das somas de 2016, R$ 1,1 bilhão.
 
A previsão é de mais avanço. Para 2018, a associação espera que o número de lançamentos de novos empreendimentos aumente mais de 106%. Ademais, os imóveis tiveram valorização de 5% no ano passado, trazendo bons presságios. Esse prognóstico favorável é fruto dos bons resultados do agronegócio e dos baixos preços por metro quadrado praticados em Goiás, conforme a avaliação de Marcelo Baiocchi, da Baiocchi Imóveis e presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio).
 
“A economia goiana está muito calcada em cima do agronegócio e, apesar de toda a crise, esse foi o setor que melhor passou por ela, o menos afetado, então acabada refletindo diretamente na economia goiana. Outro fator muito positivo é que aqui nós não temos bolha. O metro quadrado de Goiás é um dos mais baratos do Brasil, ou seja, não tem ‘gordura’ para ser queimada, não tem como o preço ser inflado ou desinflado”, explica.
 
Apesar disso, as imobiliárias devem ficar de olho no que Baiocchi chama de “efeito manada”. É preciso atentar-se que, mesmo com o momento propício, os lançamentos de novos projetos devem ser feitos com cautela. Para o empresário, a melhora no mercado já pode ser sentida. No entanto, ainda é pequena. Antes de embarcar em novos empreendimentos, deve ser feito um estudo profundo de mercado, uma vez que o setor comporta-se ciclicamente: quando está em expansão, produz empreendimentos em grandes quantidades até alcançar um desequilíbrio entre a oferta e a procura.
 
Preços mais em conta estimulam compras
Em dezembro do ano passado, o radialista Mário Jorge Pimenta, 60, encontrou um apartamento no Setor Bueno, em Goiânia, com um valor adequado ao que ele almejava custear. “Para mim era o momento certo, eu estava com o dinheiro na mão e achei um imóvel com o preço que eu pretendia pagar”, diz. Segundo a pesquisa da Fipe, o preço médio dos imóveis realmente sofreu uma queda. Os dados mostram que no País o valor caiu 0,45%. O radialista revela ainda que não precisou apurar tanto. “O primeiro imóvel que eu vi achei interessante e acabei fechando negócio”, conta.
 
Segundo o empresário Marcelo Baiocchi, a ocasião de fato tem sido apropriada para os consumidores. E ele vai além: “sem dúvida nenhuma, imóvel é sempre um bom negócio”. Alguns aspectos contribuem para que a compra seja um bom investimento, um deles é a garantia. “A aquisição do patrimônio imobiliário tem as vantagens que outros investimentos não oferecem. Primeiro, é patrimonial. Serve para você oferecer garantia em um empréstimo bancário, serve como declaração de renda […] Além do mais, pode te dar renda – no caso de um imóvel que está locado – e ainda tem a valorização do tempo”, avalia.
 
Mesmo com os benefícios, Mário Jorge esclarece que não pretende se aventurar em uma possível revenda ou locação. Em sua concepção, os valores hoje já estão mais altos em comparação à época em que realizou a compra e seu imóvel tem uma finalidade bem definida: ser moradia própria.
 
No caso do engenheiro civil Vítor Vidal, 28, alugar seu apartamento recém-financiado não está completamente fora de questão. Também no final do ano passado, em outubro, Vítor realizou a compra de um imóvel no Setor Oeste, na capital. “Eu já estava dando uma pesquisada nos preços antes de comprar e surgiu essa oportunidade. Havia muitas promoções de apartamentos para vender”, relata. O engenheiro pontua, inclusive, que quando investigava as melhores possibilidades de negócio percebeu que os valores estavam mais baixos, o que impactou na venda de outro imóvel do qual era proprietário. “Tive que vender por um preço mais baixo”, afirma.
 
Em Goiânia, especialistas afirmam que o preço médio do metro quadrado é mais barato quando comparado a outras capitais. O metro quadrado dos imóveis usados custa, em média, R$ 4.137, e dos novos R$ 3.967. Em São Paulo, por exemplo, o valor quase dobra, subindo para R$ 8.745 e R$ 7.592, respectivamente. Voltando para a capital goiana, em bairros como Novo Mundo, Setor Sul e Setor Urias Magalhães, o investimento pode sair, por metro quadrado, a menos de R$ 2.300.
 
Quero comprar, e agora?
O mercado imobiliário está se reaquecendo, as vendas aumentaram, os imóveis estão mais baratos. Será que isso é o suficiente para embarcar em um investimento, seja à vista ou financiado?
 
O economista Danilo Orsida acredita que imóveis são investimentos bastante seguros. No entanto, ele alerta para o fato de que este é um bem sem “liquidez imediata”. Ou seja, nos casos, por exemplo, em que o imóvel foi obtido para fins de locação, é natural que haja um intervalo de tempo entre o encerramento de um contrato e a abertura de outro, provocando uma pausa na geração de renda para o locatário.
Existe também a questão do financiamento. O economista adverte que o interessado em comprar um imóvel por esse método deve pensar em longo prazo. A queda de juros e as facilidades oferecidas representam um grande estímulo às compras e se o consumidor não se planejar pode acabar ficando comprometido com dívidas.
 
5 dicas rápidas antes de comprar seu imóvel
1- Defina bem que tipo de imóvel você quer adquirir
2- Tenha consciência de seu limite financeiro
3- Olhe para o futuro: veja seu negócio com olhos de investidor
4- Analise bem qual a melhor saída para o seu caso: comprar à vista ou financiar
5- Não tenha medo de tirar dúvidas, procure um especialista e faça suas perguntas!
 
Fonte: Jornal Opção 


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