Em 11/11/2016

O IRIB E O SINTER


O texto é de autoria do presidente da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (ARISP), Francisco Raymundo


O Mundo está atravessando uma fase de grandes transformações.

Um dos principais aspectos dessas transformações é o da revolução tecnológica. Profissões estão sendo extintas, setores inteiros, nas mais diversas atividades, desaparecem ou são substituídos.

O IRIB tem a obrigação de encontrar soluções reais para o futuro dos registradores e não ficar no papel de um arauto anunciador do fim do mundo.

Alimentar o temor pelo que nos reserva o futuro, sem propor soluções concretas, somente vai provocar imobilismo, sendo campo fértil para florescerem propostas distantes da realidade, gerando cada vez mais incertezas.

A melhor maneira de enfrentarmos as mudanças é nos tornarmos cada vez mais eficientes e cada vez mais necessários.

É preciso visão estratégica e criar uma relação de dependência forte do governo para com os registradores de imóveis. As mudanças nos processos econômicos não pressionam apenas as empresas e o setor financeiro. Elas também forçam o setor público a trabalhar de maneira diferente.

Podemos resistir às mudanças e manter uma prestação de serviço ao Poder Público que não atenda suas necessidades.

O que conseguiremos com isso? Apenas mais temor do futuro, pois estaremos abrindo espaço no governo para que cresçam e prosperem propostas que retirem ou substituam nossas atribuições. Estaremos sempre em um papel apenas reativo, de oposição ao que não seja o melhor interesse corporativo, sempre correndo atrás do prejuízo e enfrentando dificuldades, com crescente temor do futuro...

O que podemos fazer? Podemos construir uma solução que crie uma relação eficiente com o setor público e sairmos fortalecidos. Afinal, é preferível nos tornarmos insubstituíveis ou sermos considerados inúteis?

Na questão do Sinter, o que fizemos foi optar por nos tornarmos insubstituíveis. Somos os únicos que podem prover informação imobiliária de alta qualidade porque isso demanda formação específica e conhecimento especializado. Atendendo a um interesse governamental de forma eficiente, sempre precisarão de nossa parceria qualificada. Com isso estamos blindando nossa atividade.

Estamos em um papel pró-ativo, construindo uma maneira de participarmos da gestão territorial do nosso país. Ou haveria alguma outra atividade mais relevante que essa para os registradores imobiliários? Além disso, estamos ingressando num esforço nacional, que nos permite participar ativamente do combate à corrupção.

Projetos aventureiros que pregam uma blindagem para o nosso setor, tornando-o uma hermética ilha de informações, sobrepondo-se inclusive aos interesses governamentais – como se isso fosse possível frente ao poder estatal – com certeza não vão prosperar.

Assim, não há nem como imaginar o nível de dificuldades em que iríamos operar em relação ao governo, fazendo surgir resistências em diversos setores, tais como a Receita Federal, o Ministério Público, a Polícia Federal e o próprio Poder Judiciário, pois todos esses atores serão usuários do Sinter e sua expectativa será a de poder contar com informação qualificada.

Uma indicação clara de que estamos no caminho correto é que nossos colegas tabeliães, mesmo sem estarem sujeitos a obrigações estabelecidas pelo Decreto 8.764, estão procurando integrar-se ao Sinter e participarão do Comitê que irá elaborar o Manual Operacional, pois querem ter um papel pró-ativo no combate à corrupção e na gestão territorial.

Essa foi a opção quanto ao futuro: sermos os construtores do nosso próprio destino.

 

São Paulo-SP, 9 de novembro de 2016

 

Francisco Raymundo

Presidente da ARISP

 



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