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Gaudí e os Cartórios de Registro de Imóveis - Surpresas e erros - El Dedo de Colón - Rafael Wirth
Gaudí e o Registro da Propriedade, um livro de Luis Gueilburt que muda a história do arquiteto
A apresentação do livro Gaudí e o Registro da Propriedade, de Luis Gueilburt, diretor acadêmico da Oficina Gaudí, poderia ter-se convertido em um ato para eruditos. Porém, a presença ontem na casa Batlló do autor, do Ministro da Justiça, da conselheira da Justiça e do Interior e do jornalista e escritor Márius Carol, entre outros, converteram um ato de linguagem registral em foro de investigação, trufado com as historias que personagens tão singulares como Gaudí sempre deixam por onde passam.
O autor passou um ano e meio estudando o material que lhe remeteram os diferentes registros da propriedade da Espanha, e em seguida escreveu um livro ilustrado, onde se analisam vinte edifícios de Gaudí, seguindo o fio do que se inscreveu textualmente naquele momento nos registros da propriedade.
O autor me explicava, antes de iniciar-se o ato, que em suas longas investigações descobriu surpresas, quando não, erros. Quer dizer, muitos dos 400 livros sobre Gaudí vão compilando erro sobre erro, porque os autores não consultaram em seu momento os registros da propriedade. E há, agora, várias descobertas: por exemplo, que a família Güell não se atreveu a vender o parque Güell ao Município até a morte do gênio, para que este não se desgostasse. Ou que o parque Güell consta de 82 partições em vez das 60 das quais falam todos os autores. Ou que a casa Milá (a Pedreira) deveria chamar-se casa Segimon, única proprietária da casa.
Ou que não se procedeu, ainda, à inscrição definitiva da obra realizada da Sagrada Família. Só figura a compra dos terrenos na base de donativos. Ou que o palácio episcopal de Astorga não figura no registro da propriedade.
Márius Carol tentou ajustar o tema, que se celebra em pleno ano Dali! E o conseguiu de forma hábil e disse: a apresentação do livro poderia ser o epílogo do ano Gaudí ou o prólogo do ano Dalí. Ambos foram gênios, estiveram influenciados pelo universo do Cabo de Creus, ambos se encerraram nos últimos anos de suas vidas e depois foram enterrados em seus refúgios e ambos estavam “loucos”.
Em qualquer caso, assinalou Márius Carol, o livro editado pelo Instituto Gaudí da Construção e patrocinado pelo Colégio de Registradores da Propriedade e Mercantis da Espanha, supõe um acréscimo importante à história de Barcelona. Em nenhum dos livros publicados nos últimos tempos se havia reconstruído a biografia de seus edifícios. Porém, Gaudí nasceu quase ao mesmo tempo que o atual registro. “Lendo suas páginas – disse Carol –, pode-se pensar que da mesma maneira que o DNA nos permite saber nosso devir biológico, o registro da propriedade facilita o conhecimento da vida de seus edifícios”. E da sociedade.
O ministro José María Michavila explicou que o livro apresentado somava o mundo da arte e o mundo do direito, com linguagens distintas, porém complementares. A arte e a garantia jurídica registrada. E assegurou que a Espanha soma à garantia jurídica, a de ser uma grande potência cultural no mundo.
Publicado originalmente em La Vanguardia Seção: Viver Barcelona Página: 2 Data: 15.10.2003 Tradução: FJTost.
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