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José Soares, um registrador


A oficiala substituta do Serviço Notarial e Registral de Cachoeiro de Itapemirim, ES, Fabíola Simonato Soares, comunicou ao Irib, pesarosa, o falecimento de seu pai, José Soares, ocorrida no dia 10 de janeiro de 2006. Um mês antes, ele reunira os amigos para comemorar seus 50 anos de cartório.

José Soares à esquerda. Ao centro sua filha Fabíola Simonato Soares com familiares e amigos. A foto foi tirada no Congresso do Irib, realizado em Vitória, em 1988.

José Soares era associado do Irib, colega exemplar, amigo, e uma presença constante nos eventos do Instituto. Foi suplente do conselho fiscal na gestão Elvino Silva (1980 a 1983), e segundo tesoureiro na gestão Adolfo de Oliveira (1984/1986).

Cachoeiro de Itapemirim prestou várias e merecidas homenagens a José Soares na imprensa local. Sobre ele, disse João Baptista Herkenhoff, livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo e escritor: “Faleceu José Soares, serventuário de Justiça, uma pessoa permanentemente disponível para o serviço ao próximo e para colaborar com todas as iniciativas de interesse coletivo. Começou a vida modestamente, foi funcionário de portaria de nossa Escola de Comércio. Sempre se orgulhou de sua origem humilde.José Soares foi um padrão de Cidadania.“

O jornalista Wilson Mártio Depes, do jornal Sete Dias, declarou-se publicamente seu amigo e escreveu: “Na Faculdade de Direito lutávamos não só contra a ditadura, mas também e, sobretudo, pelo seu reconhecimento junto ao MEC. Uma luta sem tréguas. (...) A omissão dos homens e o poder da ditadura foram mais fortes. Mesmo vencidos continuamos a lutar.José Soares não conhecia a palavra derrota. Nem acreditava nela.”

Mas a homenagem mais enternecida José Soares recebeu de sua filha. Em agradecimento aos dois, uma vez que, seguindo os passos do pai, Fabíola também é grande parceira do Irib, transcrevemos aqui as sensíveis palavras dela. (SJ)

José Soares da Silva –in memoriam   
Fabíola Simonato Soares


Sempre achei que não suportaríamos o dia em que tivéssemos que perdê-lo.

Naquele dia olhei ao meu redor e vi que estava certa. Cada um sentiu do seu jeito. Eu, mamãe, Rodrigo e Débora. Mas, em todos, o sentimento comum e profundo da perda.

Foi um homem perfeccionista, austero e, por muitas vezes, rude. Nunca teve medo de trabalhar. Começou aos oito anos de idade e nunca mais parou. Sempre se aprimorando, se reciclando, almejando um lugar melhor.

Em casa ensinou a todos que “sem estudo e trabalho não haverá bônus, e teremos que arcar com o ônus”. Foi o exemplo de que muito esforço e dedicação fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso, e cobrava, incessantemente, esse esforço e dedicação de nós todos.

Aqui entre nós, não era bem assim.

Quando eu levava algum de nossos problemas a ele, de pronto não se manifestava. Mas não decorriam mais de dois dias e me chamava à sua presença, para tratar de mil assuntos “importantes e urgentes” só para voltar àquele assunto e resolver junto com os outros.

E assim era o meu pai. Por debaixo daquele corpo endurecido e calejado batia um coração que não lhe cabia dentro do peito.

Sabia que não estaria conosco para sempre, e queria ter certeza de que saberíamos continuar sem ele. Mas enquanto estivesse ali não conseguiria deixar de nos estender a mão.

Algum tempo atrás li uma frase do comandante Rolim Amaro que dizia o seguinte: “Não estou acostumado a ver um homem que se fez por si só não ser humilde e confiável”.

A associação a meu pai foi instantânea.

Para ele o conhecimento era a chave para abrir todas as portas. E elas foram se abrindo

Não me canso de repetir. Ele foi um bravo, um guerreiro incansável. Um exemplo para os que optaram pela carreira jurídica. Ele chegou ao cargo de Titular da Serventia, porém. Nunca deixou que o cargo lhe subisse a cabeça, e aí está a magnitude de um homem como ele.

Ele passou a ajudar aos que dele precisavam indistintamente. Tomou as mais diversas iniciativas. Construiu uma escola para surdos-mudos. Montou a Sociedade de TV Cachoeirense.

Chegou a Governador do Distrito L-30 do Lions Clube, que abrange ES e RJ, promovendo diversas obras sociais. Seu currículo é bem extenso, Graças a Deus...!!!.

Mas a menina de seus olhos sempre foi a Serventia. Preocupadíssimo com as atualizações. Lia tudo, todos os dias, mesmo quando tinha problemas diversos, ainda que muito sérios ou importantes. Nunca deixava de “passar por lá” ou me telefonar mil vezes para saber como estavam as coisas, mesmo nesses últimos dias abatido pelos problemas de saúde.

Fizemos uma festa com amigos, profissionais e autoridades ligadas ao Poder Judiciário no dia 14/12/2005, em comemoração aos seus 50 anos dedicados à Serventia. Momento inesquecível tamanha sua felicidade em ver todos os amigos e colaboradores do meio jurídico todos juntos, numa verdadeira confraternização. Ninguém imaginava que seria uma despedida.

Poderíamos escrever tantas laudas sobre ele, suas histórias, seus grandes feitos, mas neste momento só queroagradecer a ele por tantos incentivos e pela força nos momentos difíceis e maravilhosos que tivemos ao seu lado. Com muito, muito orgulho, posso dizer queele foi e sempre será o melhor pai e amigo do mundo.

Agora só queremos que descanse empaz. Estaremos aqui, pelo menos tentaremos, seguindo sua postura, seus ensinamentos, e lutando como nos ensinou. Te amamos e amaremossempre. Obrigado por tudo que nos deu em vida, e tenha certeza que faremos de tudo para seguir seus passos.

Muitas saudades.

Beijos.

NÓS, SUA FAMÍLIA.

M.I. Redigido com sentimentos do fundo de nossos corações.



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