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BENEDICTO DE GODOY CAMARGO, um registrador
Benedicto de Godoy Camargo foi um cartorário. Na melhor acepção da palavra. Durante longos 49 anos desempenhou uma atividade que se pode seguramente qualificar de conservadora. Sim, era um conservador de imóveis – uma profissão que a alguns parece ser uma espécie de atavismo, coisa que ocorre a alguns poucos, inesperadamente, como belíssimas florações de uma atividade multissecular.
Era sim um conservador! Ou, para concedermos aos modernos (esses mesmos que expurgaram a palavra cartório do Codex), era um registrador.
Nasceu em Itatiba SP, no dia 5 de Outubro de 1905, no número 110 do Largo da Matriz, hoje Praça da Bandeira. Filho do cafeicultor José Bernardino de Camargo e de Eliza de Godoy Moreira, descende dos primeiros paulistas e de fundadores da cidade.
No dia 28 de Agosto de 1928, numa terça-feira ensolarada (como sói acontecer com todas as longínquas terças-feiras de nossas vidas) foi nomeado Oficial do Cartório de Registro de Imóveis de Itatiba.
Itatiba não seria mesma. Por quarenta e nove anos, Benedicto exerceu essa nobre atividade, até seu falecimento em 1977. Influiu em sua comunidade, participou da sua vida social e política. Foi Vereador à Câmara Municipal de Itatiba de 1948 a 195l, tendo sido seu presidente em 1948, foi Presidente do Grêmio Recreativo Itatibense por duas vezes, Presidente do Tiro de Guerra em 1943, Diretor e Vice-Presidente da Santa Casa de Misericórdia, Sócio-fundador do Tênis Clube de Itatiba, Presidente do Conselho Deliberativo do Itatiba Esporte Clube, Presidente do Rotary Clube de Itatiba, Presidente da Liga da Mocidade Itatibense,
Secretário-Geral do partido político PSP. de Itatiba, Vice-Presidente da APAMI. Presidente do Conselho Consultivo da APAEI., Membro da Comissão de Obras do Asilo São Vicente de Paula. Comissário de Menores. Membro da Comissão Municipal de Cultura. Membro da Irmandade do Santíssimo e da Irmandade de São Benedito.
Sua vida pessoal foi de especial dedicação à família. Casou-se no dia 27 de Janeiro de 1953, mais uma terça-feira luminosa, com a professora Olga Dimenco de Camargo, com quem teria os Filhos Cid Camargo, Elisa Camargo e Nívea Camargo Calvi.
Também participou ativamente do Irib. Na época do III encontro (lá no longínquo ano de 1976), Seu Dito disse, algo desconfiado e cerimonioso, que foi constatado que ele era o mais antigo registrador imobiliário em atividade. Vemo-lo ativo e questionador na foto que publicamos abaixo.
Contam as antigas lendas que, quando fundaram Itatiba, Seu Benedicto estava sentado num banco da Praça da Matriz. Outras lendas contam que em Itatiba sempre houve um cartório de registro de imóveis. Afinal, tão antigo quanto o sonho, é o desejo do homem de conservar suas coisas.
Ele era muito sério e compenetrado no trabalho. Era um registrador! Dizem os seus filhos que se podia ouvir o ruído de fricção das asas das moscas em revoluteio no cartório quando uma tempestade se aproximava (as moscas sabem dos mistérios da natureza). Bairrista ao extremo, quando ventava muito forte, dizia que era o “vento gelado de Jundiaí” (cidade vizinha pela qual os Itatibenses tinham a maior rixa). Remotas reminiscências da lusitanidade tabeliã: “de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos".
Enfim, passou a vida registrando diligentemente os títulos. De sua grafia cuidadosa, pode-se divisar um fino retraço da vida itatibense. A todos que o procuravam sempre tinha uma boa palavra e jamais perdia a chance de repetir o bordão dos civilistas: “Quem não registra não é dono!”.
Chegava sempre adiantado aos compromissos. “Eu prefiro esperar, a ser esperado”.
E foi assim que um homem pontual, generoso, pai e marido exemplar, amigo e companheiro, registrador imobiliário, foi assim que chegou pontualmente ao limite dessa vida em 1977. Afinal, Seu Benedicto não podia deixar esperando a sua Grande Família celestial.
Benedicto de Godoy Camargo deixa o exemplo, sua letra eterna nos livros de registro e algumas fotos, que o Irib publica como homenagem respeitosa a um grande registrador. (Sérgio Jacomino, Presidente).
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