Mais de 100 pessoas assistem, pela internet, ao Workshop Computação Cognitiva e o Registro de Imóveis
Palestras foram transmitidas pelo IRIB, em tempo real. Quatro conferencistas mostraram a viabilidade da tecnologia para a atividade registral e suas aplicações em diversas áreas
Na tarde de quarta-feira (2/8) o IRIB inaugurou, com sucesso, a transmissão de palestras ao vivo pela internet. Ficaram conectadas, durante mais de três horas, 113 pessoas, de diversos estados brasileiros, assistindo às palestras do Workshop Computação Cognitiva e o Registro de Imóveis. Quatro conferencistas convidados pelo Instituto mostraram que a computação cognitiva é um caminho sem volta e que pode, sim, ser aplicada ao Registro Imobiliário, não apenas para a melhoria da prestação dos serviços, mas para a ampliação das atribuições do registrador.
A plataforma utilizada pelo IRIB possibilitou a transmissão das palestras em tempo real. Os participantes assistiam às exposições dos palestrantes, visualizavam os slides, e interagiam por meio de um chat, enviando perguntas. A tecnologia reuniu, em um mesmo ambiente, registradores de imóveis, funcionários de cartório, profissionais da área de tecnologia, advogados e juristas interessados no tema. Ao todo, estiveram representados 18 estados - AC, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RS, SC, SE, SP e TO – e o Distrito Federal.
Idealizador do workshop, o presidente do IRIB, Sérgio Jacomino afirmou que a iniciativa superou todas as melhores expectativas. “Sabíamos que o assunto tratado no evento é um tanto quanto esotérico, que interessa a alguns poucos e que somente o pessoal ligado à área de tecnologia dos cartórios poderia eventualmente se interessar. No entanto, o workshop suscitou um vivo interesse de vários colegas, de todas as regiões do Brasil. Foi um sucesso inesperado!”, disse.
Para Sérgio Jacomino, o impacto das novas tecnologias na atividade registral imobiliária é um fato que começa a ser percebido por parcelas cada vez maiores da categoria. “As perguntas formuladas durante o evento demonstram que estamos amadurecendo e nos preparando para enfrentar os desafios da nova onda registral - a maré eletrônica. Nesse sentido, foi uma grata surpresa”, comentou.
O presidente lembrou, ainda, que o IRIB sempre foi vanguarda em vários temas que acabaram se incorporando na agenda corporativa. “Dou curso a essa tradição maravilhosa do nosso Instituto. Tenho a honra de presidir uma entidade que, efetivamente, representa os interesses de todos os registradores imobiliários do Brasil. Nós temos a responsabilidade de apontar rumos, prospectar cenários, indicar caminhos e contribuir com o desenvolvimento da instituição”, salientou Jacomino. Ele ainda adiantou que a experiência foi inspiradora e que já está em preparação o próximo workshop. “Talvez devêssemos mudar o foco, dar-lhe a forma de um verdadeiro seminário. Trata-se, efetivamente, de disseminação de novas ideias, de novos conceitos. Buscamos apresentar aos registradores brasileiros as tendências para o desenvolvimento da atividade”.
Formato on-line permite a difusão do conhecimento
A coordenadora do Workshop, Adriana Jacoto Unger, é engenheira mecatrônica e mestranda em Gestão de TI, na Escola Politécnica da USP. Este é o segundo evento que ela organiza a convite do IRIB. O primeiro foi o workshop “Blockchain e o Registro de Imóveis Eletrônico”, que teve duas formas de participação: presencial e on-line. “O nosso segundo workshop foi o primeiro evento com participação exclusivamente on-line promovido pelo IRIB. Privilegiamos este formato para permitir a difusão do conhecimento a todos os registradores do país”, explicou.
Pesquisadora e consultora especializada em gestão por processos, Adriana Unger acredita que os registradores devem dominar as novas tecnologias e utilizá-las a favor de sua atividade. “O objetivo deste workshop foi debater um tema de alta relevância tecnológica, abordando tanto os aspectos técnicos quanto jurídicos, e considero que foi plenamente atendido. Espero que o evento tenha contribuído para que todos conheçam melhor o potencial da computação cognitiva para o Registro de Imóveis”, disse.
Participantes aprovam iniciativa do IRIB
Luciano Lopes Passarelli, registrador de imóveis em Batatais/SP
"A humanidade já passou por outras ‘revoluções’, como a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial, e como é cediço estamos atravessando a Revolução da Informação, cujos impactos na sociedade e até mesmo na forma como nos auto-identificamos como humanos, como pessoas, ainda estão em plena marcha. A "inteligência artificial", novas formas de computação cognitiva, novas tecnologias buscando imprimir segurança à rede mundial, como o blockchain, irão impactar profundamente a forma como nos relacionamos com o mundo e, também, o Direito e o mercado de trabalho. A iniciativa do IRIB de debater esses temas nas suas relações com o Registro Imobiliário mostra que os registradores estão atentos aos avanços tecnológicos e, com isso, assumindo posição na linha de frente dos estudos para entender os reflexos e aplicabilidades desses novos fenômenos ao Direito, notadamente o Direito Registral Imobiliário. A parte técnica do evento estava ótima, o altíssimo nível dos palestrantes merece nossos aplausos, e o Instituto está de parabéns, honrando suas melhores tradições ao se posicionar na vanguarda dos estudos técnicos e jurídicos que estão construindo as pontes para o futuro”.
José Celso Vilela, registrador de Imóveis em Itabira/MG e diretor de Regularização Fundiária do CORI-MG
“O seminário foi muito instigante e parabenizo o IRIB pela iniciativa. Foram abordados o início e a evolução da inteligência artificial (na palestra do professor da USP Flávio Soares) até o atual estado da arte, com as impressionantes atividades já desempenhadas pelo Watson, da IBM (como demonstrado na palestra do Guilherme Novaes). Pudemos ver que praticamente todas as atividades profissionais existentes passarão por radical transformação, e que isso trará inafastáveis debates de ordem ética, já que será necessário definir os contornos da responsabilidade humana por atos ultimados “autonomamente” por máquinas, como ressaltado pelo juiz do TJSP Antonio Carlos Alves Braga Júnior. Mas foi especialmente alentador ver, na palestra do registrador de imóveis Caleb de Miranda, a possibilidade de essas novas tecnologias nos ajudarem a prestar melhores serviços, com racionalização na alocação de recursos e pessoas. Sobretudo com as ferramentas de análise de big data, o desafio que se propõe a todos os registradores é o de transformar o que podemos chamar de “bando de dados” em um “banco de dados estruturado”, de modo a potencializar o uso estratégico das informações existentes nos acervos registrais, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país”.
Diego Costa, oficial substituto do 1º Registro de Imóveis de Goiânia/GO
“O Workshop Computação Cognitiva e o Registro de Imóveis alcançou o objetivo que estava proposto. Trouxe uma ambientação das ferramentas de computação cognitiva oferecidas pela IBM e levantou as possibilidades de utilização no ambiente registral. As palestras foram bem distribuídas e programadas de forma coerente, dando um embasamento ao assunto, apresentando as ferramentas e introduzindo ao contexto do negócio. Pode-se observar uma preocupação em cumprir o horário proposto e organizar da melhor maneira possível. Destaco a palestra que foi ministrada pelo registrador de imóveis Caleb Matheus Ribeiro de Miranda. A meu ver, foi a melhor exposição, pois soube explorar e trazer para a realidade registral as ferramentas apresentadas. Vale ressaltar também a participação do juiz Antonio Carlos Alves Braga Júnior, que finalizou o ciclo trazendo possibilidades de utilização da tecnologia no auxílio em várias áreas jurídicas, abordando também os limites da tecnologia e da ética”.
Alexandre Gomes de Pinho, registrador de imóveis em Catanduva/SP
“O Workshop mostrou a cada participante o que parece ser o futuro do Registro de Imóveis e do Poder Judiciário. A inteligência artificial está mais avançada e desenvolvida do que imaginamos e sua integração com os serviços públicos é possível, mas para isso há um longo caminho a ser percorrido. As quatro apresentações, com excelente transmissão e oportunidade de perguntas, me deram a certeza de que já iniciamos essa caminhada. Parabéns ao IRIB pela iniciativa!”.
Regina Tupinambá, diretora da Insania Publicidade
“Os temas dos eventos do Dr. Sérgio Jacomino são sempre interessantíssimos! O doutor está mostrando a sociedade que cartório não gira em torno de carimbo e papel. Parabéns”.
Ana Lúcia Arruda dos Santos Silveira, advogada do 2º Registro de Imóveis de Londrina/PR
“Workshop de alto nível acerca do futuro da inteligência artificial e de como isso contribuirá para o desenvolvimento do Direito e sua aplicação. Fantástico!”.
Palestras mostram os benefícios e as aplicações da computação cognitiva
O que é computação cognitiva - A palestra do professor Flavio Soares Corrêa da Silva foi bem didática, pois resgatou a origem histórica do conceito da Inteligência Artificial, destacando seus ciclos de desenvolvimento até chegar aos dias atuais . O palestrante afirmou que a tecnologia da computação cognitiva pode ser compreendida por profissionais de qualquer área. “De fato, essa tecnologia requer conhecimentos técnicos para permitir a construção de ferramentas seguras e úteis, embora não exija tais conhecimentos dos usuários finais dessas ferramentas”, afirmou.
Essa área do conhecimento científico e tecnológico, segundo Flávio Soares da Silva, tem evoluído, e as oportunidades e riscos que ela proporciona são plenamente acessíveis para todos os interessados, independentemente de suas áreas específicas de atuação profissional.
Durante sua a apresentação, o professor da USP mencionou exemplos do uso bem sucedido das tecnologias de computação cognitiva em áreas diversificadas, como finanças, saúde e comércio.
Computação cognitiva e lawtechs – Em sua palestra, o representante da IBM, Guilherme Novaes Propocio de Araújo, forneceu um vasto panorama das aplicações já em desenvolvimento/operação da computação cognitiva, que, no seu entendimento, é uma importante aliada para o desenvolvimento da área jurídica.
O Watson, plataforma de computação cognitiva da IBM, permite que empresas empoderem seus profissionais a terem acesso ao histórico de informações dos escritórios; insights para decisões; análise de novas leis e súmulas; pesquisa de jurisprudências e outras informações que ele for treinado para atender. Essa solução da IBM é um sistema que aprende em larga escala, raciocina de acordo com propósitos e interage com os humanos de forma natural. O maior objetivo do Watson é aumentar a capacidade cognitiva do ser humano.
Com relação à área jurídica, Guilheme Novaes discorreu sobre o surgimento das lawtechs ou legal tech startups (empresas de tecnologia com modelos de negócios escaláveis voltadas para o mercado jurídico), combinação da computação cognitiva com demais tecnologias disruptivas (big data, blockchain etc.). Ele apresentou o Legal Cognitive – ferramenta desenvolvida pela IBM e pela Finch Soluções, empresa de tecnologia para a automação de processos jurídicos. A plataforma dá suporte em análises de documentações, gerando informações inteligentes, reduzindo o tempo e aumentando a eficiência do trabalho de apuração de casos a serem julgados.
“A solução foi criada a partir da tecnologia IBM Watson e toda a expertise e componentes de inteligência da Finch no setor de legal. Com ela, é possível analisar semanticamente todo o conteúdo de um documento jurídico e, a partir destes dados, fazer análises de probabilidades, comparações com conteúdos de ações similares e tendências jurisprudenciais para avaliação, entre outras necessidades que ocorrem dentro de uma ação judicial”, explicou.
Computação cognitiva aplicada ao Registro Imobiliário – A palestra do registrador de imóveis em Juquiá/SP, Caleb Matheus Ribeiro de Miranda, explorou as possibilidades para automação da qualificação registral e aplicação da computação cognitiva para a consulta da jurisprudência notarial e registral e para a publicidade dos atos registrais, além de discorrer sobre o valor do acervo do Registro Imobiliário como fonte de informação para o machine learning.
Para Caleb de Miranda, a importância de se discutir o tema da computação cognitiva entre os registradores vem do fato de que estamos diante de uma tecnologia que possui algumas características essenciais: potencial de redução de custos, aumento de precisão e aperfeiçoamento do desempenho das atividades. “Se uma tecnologia atende qualquer destas características, ela já é merecedora de atenção da classe como um todo, no intuito de oferecer um melhor serviço à população. A computação cognitiva atende às três, e ignorá-la é ignorar o presente e o futuro do desempenho das atividades na sociedade. Se ignorarmos os novos tempos, receio que eles também nos ignorem”, alertou.
Segundo o palestrante, o exemplo mais simples de uma aplicação de computação cognitiva é um sistema que consiga, com base nos dados do imóvel conforme constantes da ficha de matrícula, definir a situação atual do imóvel. O sistema, ao ler a matrícula, pode indicar a presença de ônus, os cancelamentos ocorridos, as transferências posteriores e oferecer ao usuário um histórico resumido do imóvel ou mesmo somente o relatório de sua situação atual.
“Um sistema mais avançado de computação cognitiva permitirá uma qualificação prévia e informatizada dos títulos. Isso pode ser realizado tanto no âmbito dos Tabelionatos de Notas (conferência) como dos Registros de Imóveis (qualificação). Terminado o título, o escrevente notarial poderia transferi-lo ao sistema de qualificação prévia, e este indicaria pontos específicos onde há necessidade de atenção ou mesmo requisitos do ato notarial que não foram encontrados. De igual modo, o escrevente do Registro de Imóveis, antes de iniciar a qualificação do título, poderia digitalizá-lo (se em meio físico) e usar o processamento para fazer uma qualificação prévia, indicando os pontos a demandar maior atenção”, afirmou.
A computação cognitiva e o futuro da Justiça - Por sua vez, o juiz de Direito substituto em Segundo Grau, em atividade na Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Antonio Carlos Alves Braga Júnior observou que poucas atividades podem tirar mais proveito da tecnologia da informação do que o Judiciário, pois a matéria prima na Justiça é composta quase que exclusivamente de informação.
“Não lidamos com coisas, mas com dados. A essência da atividade judiciária compõe-se da análise de casos (argumentos e provas), confrontação com o sistema de normas e de jurisprudência e elaboração de decisões. Ocorre que a maior parte dos recursos humanos, materiais e financeiros são consumidos com atividades meramente operacionais. Muito disso foi eliminado com o processo digital. Ingressamos na etapa de eliminação de mais etapas operacionais com os módulos de automação que se acrescem continuamente ao processo digital. São exemplos os módulos de distribuição, juntada e publicação automática, assinatura em lote, automação de coleta de dados estatísticos entre muitos outros”, citou.
Antônio Carlos Alves Braga Júnior lembrou que o estudo de novas tecnologias e a aplicação prática como experimentação já fazem parte da rotina do TJSP. “O que se apresenta agora é a possibilidade de agregação da computação cognitiva, ou seja, utilização de ferramentas com inteligência, que aprendem na medida em que executam uma tarefa, e que reescrevem o próprio algoritmo, num processo inspirado no aprendizado humano”, disse.
Por fim, Braga Júnior fez considerações sobre o uso da computação cognitiva para a tomada de decisão e substituição do julgamento humano, os limites entre tecnologia e ética. “Um carro autônomo, por exemplo, poderá ser treinado para ‘escolher’ entre situações que representam o menor risco: uma colisão frontal ou um atropelamento?”, indagou.
Fonte: Assessoria de Comunicação do IRIB
Em 4.8.2017
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