Em 19/11/2012

Área será devolvida a índios Xavantes em MT


Sete mil moradores de duas cidades em Mato Grosso vão ter que deixar a região nas próximas semanas


Sete mil moradores de duas cidades em Mato Grosso vão ter que deixar a região nas próximas semanas. Uma decisão da Justiça deu a posse da terra para os índios Xavantes. O clima é tenso na região.

Soldados da Força Nacional de Segurança e a Polícia Federal estão nos municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia. Em menos de 30 dias, sete mil pessoas vão ter que deixar a região. Índios Xavantes conseguiram na Justiça o reconhecimento de uma terra 165 mil hectares.

As notificações para a desocupação já começaram a ser entregues. Muita gente está lá há mais de 20 anos e não quer sair.

Do alto, os policiais monitoram a situação na área, enquanto lá na frente os oficiais de Justiça iam notificando os moradores, que têm 30 dias para deixar o local.

Um carro da Força Nacional foi virado pelos manifestantes. Um policial disfarçado, que registrava imagens da operação, foi descoberto, dominado e perdeu a câmera.

Os moradores dizem que investiram na região e vão perder tudo.

“Plantamos 50 hectares e não querem deixar a gente colher. Gastamos 90 mil reais, e simplesmente não vão deixar a gente colher”, desabafou a empresária Delcrestiana Moresco.

Os índios estão hoje em uma pequena área aguardando a desocupação.

Na aldeia, o clima também é tenso. Em agosto, entramos e gravamos uma entrevista com o cacique. “Quem não é índio tem que sair fora da área. Os brancos que invadiram essa área sabiam que a área era dos índios”, disse, na ocasião, o cacique Xavante Damião Paridzané.

A briga entre posseiros e índios pela posse das terras tem décadas. Segundo a Funai, em 1967 os índios foram retirados da região pelo governo militar, e a área, vendida para uma multinacional italiana. Em 1992, a empresa devolveu a terra para os Xavantes. Mas, nessa mesma época, posseiros começaram a chegar. Dividiram as terras e venderam para centenas de produtores rurais.

Muitos têm escritura, como João Camelo. Mas a Justiça Federal entendeu que essas escrituras não são válidas. A polícia vai continuar na área até o final da operação. No dia 6 de dezembro, as primeiras famílias terão que sair.

Fonte: G1
Em 19.11.2012



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