Audiência ressalta falta de dados sobre terras compradas por estrangeiros
AGU disse que a carência de informações é um entrave e chegou a sugerir um recadastramento das propriedades
A falta de dados confiáveis sobre as propriedades rurais adquiridas com capital externo foi evidenciada durante reunião da subcomissão que analisa a compra de áreas rurais e sua utilização por estrangeiros, ocorrida na última quarta-feira (6/7). O advogado da União Fernando Luiz Albuquerque Faria, que participou da audiência, disse que a carência de informações é um entrave na compreensão do tema e chegou a sugerir um recadastramento das propriedades.
Faria destacou, no entanto, que não cabe à Advocacia-Geral da União (AGU) tomar essa decisão. “Essa seria uma decisão política, mas entendo que até para a atualização das políticas públicas é importante um recadastramento que dê ao Estado informações sobre quem detém a propriedade e quais as atividades exercidas na região”, disse.
Relator da subcomissão, o deputado Beto Faro (PT-PA) informou que já pediu informações aos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, mas foi informado de que os dados são estimados e, portanto, imprecisos. “Hoje não existe nenhum instrumento que dê clareza a esse fenômeno da compra de terras por capital internacional no País. Nós sabemos de organismos internacionais preocupados com a ocupação por estrangeiros, mas precisamos conhecer os dados”, criticou o deputado.
Segundo o advogado da AGU, a inconsistência nos dados é resultado da falta de controle, entre 1994 e 2010, sobre as terras compradas por empresas brasileiras com maioria de capital estrangeiro. Nesse período, a AGU, em uma nova interpretação, dispensou essas empresas de exigências como o registro de aquisição de terras pelo Incra.
A interpretação foi revista em agosto do ano passado por um parecer da AGU e, desde então, as empresas nacionais controladas por estrangeiros voltaram a ter os mesmos limites legais que as empresas exclusivamente estrangeiras.
Apesar da mudança de interpretação, o advogado da União nega que haja insegurança jurídica sobre o tema, como defendeu o deputado Beto Faro. Para o relator, é necessário atualizar a legislação (Lei 5.709), que é de 1971 e já teve a aplicação alterada duas vezes por mudança de interpretação da AGU.
“O advogado não quis se comprometer, mas assumiu que a AGU tem discutido vários cenários de mudança de legislação, sinal de que o que está estabelecido hoje não dá conta da nossa realidade. Então, como o governo está discutindo e o Congresso também, é o momento propício de juntar esforços e criar uma nova legislação”, disse Beto Faro.
A subcomissão foi criada no âmbito da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural há duas semanas e tem 180 dias para votar um parecer sobre o tema. O presidente da subcomissão, deputado Homero Pereira (PR-MT), convocou outra reunião para a próxima terça-feira (12).
Fonte: Agência Câmara
Em 06.07.2011
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