Em 03/08/2018
Clipping – Hoje em Dia - Caixa volta a suspender crédito pró-cotista para financiamento de imóvel usado
O motivo, conforme o banco, é a escassez de recursos orçamentários. E quem vai sofrer as consequências é o consumidor
A Caixa suspendeu, por tempo indeterminado, o financiamento de imóveis usados pela linha pró-cotista, destinada especialmente à classe média. O motivo, conforme o banco, é a escassez de recursos orçamentários. E quem vai sofrer as consequências é o consumidor.
Com a interrupção no fornecimento do crédito – o segundo mais barato do banco, perdendo apenas para o ‘Minha Casa, Minha Vida’ –, quem for investir na casa própria deverá recorrer à linha SBPE. O problema são os juros. Em tempos de vacas magras, será necessário desembolsar mais dinheiro para realizar o sonho da casa própria. A renda mínima para ter o financiamento aprovado também aumenta.
Conforme fonte ligada ao banco, que não quis se identificar, os contratos assinados até 13 de julho terão o recurso liberado. Os demais estão suspensos.
A Caixa confirma a interrupção, mas oficialmente não estipula data para atender aos contratos. “A Caixa Econômica Federal informa que houve a suspensão da modalidade Pró-cotista - Imóveis Usados em razão do cumprimento do orçamento disponibilizado para a referida linha. A modalidade Pró-Cotista Imóvel Novo continua funcionando normalmente”, diz a nota da instituição bancária.
Nas alturas
A diferença no valor final do imóvel aumenta significativamente. Antes da suspensão, era possível financiar a casa própria na linha pró-cotista com taxa máxima de 9,01% ao ano (índice que poderia sofrer variações para baixo, dependendo do nível de relacionamento do cliente com o banco).
Isso significa que ao final de um financiamento de R$ 300 mil, com prazo de 360 meses, o equivalente a 30 anos, o consumidor arcaria com parcelas de R$ 3.085. No fim do processo, ele teria desembolsado R$ 1,1 milhão, conforme levantamento realizado pelo presidente da Associação dos Mutuários de Minas Gerais (AMMMG), Sílvio Saldanha.
O montante é R$ 135 mil menor do que os R$ 1,25 milhão que seria pago à Caixa se o consumidor optasse pelo SBPE. Neste caso, foram considerados um período de R$ 360 meses, com parcelas de R$ 3.460 e juros de 10,50% ao ano.
Renda
E se o valor do imóvel fica maior, a renda mínima necessária para ter o empréstimo aprovado acompanha. Para financiar os R$ 300 mil junto à pró-cotista, o cliente precisaria comprovar rendimentos mensais de R$ 10,4 mil. No SBPE, porém, a renda deve ser de R$ 11,8 mil.
Em tempos de crise econômica e desemprego em alta, o incremento na renda é tarefa árdua. “A linha pró-cotista tem taxa menor porque contempla aqueles consumidores que têm Fundo de Garantia ativo há pelo menos três anos. É uma linha destinada ao trabalhador. Quem deseja comprar um imóvel será muito prejudicado”, lamenta o presidente da AMMMG.
Escassez de recursos pode atrasar a recuperação do setor
A suspensão do crédito imobiliário na linha pró-cotista pode retardar ainda mais recuperação do setor da construção civil, que anda a passos de tartaruga.
“Nós precisamos de crédito. Precisamos estimular as vendas e a geração de empregos na construção civil. E fazemos tudo isso por meio dos financiamentos”, afirma o diretor de políticas e relações trabalhistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Ricardo Catão.
Ele explica que cortar uma linha de financiamento destinado aos imóveis usados pode desestabilizar todo o setor. O motivo é simples. Muitas pessoas vendem o apartamento usado para comprar um novo. “O setor pode ficar empacado”, rechaça.
O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), Kênio Pereira, espera que a Caixa retome o financiamento no curto prazo. “É um dos produtos mais usados do banco, o mercado imobiliário precisa dessa linha de crédito”, comenta.
Engenharia
O mercado da engenharia civil também pode sofrer grande impacto negativo.“Embora o leque de atuação do profissional de engenharia seja vasto, o país hoje vem passando por um momento político-econômico complicado. Esse momento tem impacto direto nos investimentos e, consequentemente, no mercado da construção”, diz o engenheiro civil Sérgio Oliveira.
O também engenheiro civil Michel Mofacto concorda. Ele acredita que somente nos próximos anos haverá uma recuperação. “A expectativa é que, a partir de 2020, ocorra um crescimento em todos os setores, o que irá gerar grande demanda por profissionais qualificados na construção civil. O profissional que está chegando no mercado agora verá esse processo crescer no ritmo da recuperação econômica do país”, completa.
Novo limite
A suspensão do crédito para imóveis usados na linha pró-cotista bate de frente com o anúncio do novo teto para financiamento da casa própria, de R$ 1,5 milhão.
O valor começa a vigorar em janeiro do ano que vem. Hoje, o crédito máximo é de R$ 950 mil.
A decisão foi anunciada na última sexta, dia 31 de julho, mas não sairá do papel se não houver dinheiro disponível.
Fonte: Hoje em Dia
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