Em 06/11/2018
Clipping – Jornal do Comércio - Demanda baixa preocupa setor de imóveis comerciais
Mesmo que a economia brasileira tenha saído tecnicamente da recessão, o mercado nacional de locação e venda de imóveis comerciais continua com pouca atividade
Mesmo que a economia brasileira tenha saído tecnicamente da recessão, o mercado nacional de locação e venda de imóveis comerciais continua com pouca atividade. No acumulado dos últimos 12 meses até setembro, os preços de venda de salas comerciais de até 200 m2 caíram cerca de 7% nacionalmente, descontada a inflação do período, segundo o índice FipeZap. A variação é ainda mais significativa se levarmos em consideração os últimos cinco anos, uma vez que os aluguéis comerciais recuaram 42,5% em termos reais e os preços de compra e venda diminuíram 31,6%, também descontada a inflação.
Das quatro cidades pesquisadas pelo indicador FipeZap (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre), apenas a Capital gaúcha registrou uma recuperação do setor recentemente. Em Porto Alegre, segundo o índice, em 12 meses até setembro, o preço médio de locação de salas até 200 m2 teve alta de 0,48%, enquanto a elevação acumulada desde janeiro chegou a 0,99%. Já na comparação entre agosto e setembro para os preços de aluguel, a retração foi de 0,46%.
Em relação às vendas de salas comerciais, os valores dos negócios em Porto Alegre tiveram queda de 3,39% em 12 meses até setembro e de 2,31% no acumulado do ano. Já na comparação entre setembro e agosto, o preço médio das vendas teve alta de 0,13%.
Essa elevação, porém, ainda não foi sentida pelos atuantes no mercado da Capital gaúcha. O corretor autônomo da imobiliária Santa Cruz Rogério Martins trabalha há quatro anos no ramo de comércio de escritórios. Ele avalia que nos últimos 12 meses a queda foi acentuada, mesmo que no Centro Histórico haja uma maior rotatividade de vendas do que nas outras regiões da cidade. As comercializações realizadas por Martins são, majoritariamente, junto a investidores. "O comprador de ocasião, para montar empresa própria, está escasso", julga.
Assim, diz, a margem de lucro existente no valor dos imóveis, conquistada durante momento pouco mais favorável do setor até 2015, está diminuída. Hoje, comenta Martins, quem dita o preço é o comprador, cabe ao proprietário ficar com a sala parada ou aproveitar a oportunidade. "Já teve negócios de R$ 850 mil fechados em que o comprador chegou com a metade do preço do imóvel como entrada e parcelou o restante em dez vezes", comenta, ao enfatizar que não são todos que aceitam as condições.
Na imobiliária SL Aluguel de Salas Comerciais e Depósitos a queda no movimento foi acentuada no último um ano e meio. "Eu até alugo alguma coisa, também desaluga muito", lamenta o proprietário, Sérgio Lopes. O corretor comenta que até pouco tempo o primeiro passo para abrir um negócio era ter uma sala comercial. Porém, um espaço alugado por R$ 500,00, pelos seus cálculos, pode significar gastos de R$ 1.500,00 ao se levar em consideração investimentos com alimentação fora do lar, deslocamento, água e luz. "Hoje não precisa mais de um ponto para ter uma empresa, a internet contribuiu, mas os custos são decisivos", avalia. Por esta e outras questões, Lopes agora trabalha mais focado em depósitos.
Com o recuo nos preços de venda e de locação, a pesquisa mostra também que o investimento em imóveis comerciais deixou de ser um bom negócio nos últimos anos. Desde 2014, o retorno oferecido por eles foi inferior à rentabilidade do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), diferencial que se acentuou desde 2015. Nos últimos 12 meses, a rentabilidade média do CDI foi 6,7%, enquanto a renda dos imóveis comerciais (aluguel e valorização do ativo) foi de 1,8%, em média, no mesmo período, aponta a Fipe.
Fonte: Jornal do Comércio
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