Em 27/02/2020

Clipping – Jornal do Comércio - Universitários incrementam mercado de locações


Cotista oriundo do ensino público, o estudante de Arquitetura Telmo Guerreiro precisou mudar do bairro Mathias Velho, em Canoas, onde morava, para um local mais próximo do Campus-Centro da Ufrgs.


Cotista oriundo do ensino público, o estudante de Arquitetura Telmo Guerreiro precisou mudar do bairro Mathias Velho, em Canoas, onde morava, para um local mais próximo do Campus-Centro da Ufrgs. Para isso, pesquisou uma série de imóveis em Porto Alegre pela internet. Lá, encontrou categoria de locação especial para universitários, com algumas facilidades no contrato. A prática tem sido unanimidade entre as empresas que ofertam apartamentos em regiões próximas às universidades estabelecidas na Capital. De acordo com o gerente Comercial de Aluguéis da Guarida, Rafael Spolavori, as campanhas específicas para estudantes ocorrem desde 2015, no período de matrículas das instituições de Ensino Superior.

"Temos inclusive uma parte do site voltada justamente a estes usuários, onde o interessado seleciona o campus onde vai estudar e é direcionado para imóveis disponíveis próximos daquela universidade", comenta o gestor de aluguéis da Guarida. Ele destaca que a empresa oferece locação facilitada para estudantes, "com o mínimo de burocracia". "Nestes casos exigimos apenas um fiador e o comprovante de matrícula em uma instituição de Ensino Superior."

Ainda que não precisasse sequer comprovar a renda, Telmo Guerreiro acabou não fechando negócio direto com nenhuma imobiliária, porque surgiu a oportunidade de dividir apartamento com um colega de curso. Natural de Encruzilhada do Sul, o também estudante de Arquitetura Felipe dos Santos Cardoso já ocupava um apartamento na rua Demétrio Ribeiro, na área central de Porto Alegre.Responsável pelo contrato de locação, viu no compartilhamento uma forma de economizar com os custos.

A vice-presidente do Secovi-RS, Elisabét Böelter, observa que é bastante comum a prática de um estudante universitário se responsabilizar pelo contrato de aluguel e dividir os custos com um colega ou mais. Ela também afirma que os três primeiros meses do ano são de alta temporada para o mercado de locação de imóveis. "De janeiro a março a demanda aumenta em 20%, graças ao público que vem do Interior estudar em instituições na Capital, mas em junho, quando ocorrem novas matrículas este movimento se repete", pondera a dirigente. Segundo Elisabét, os cinco bairros mais procurados pelos estudantes são Centro, Cidade Baixa, Floresta, Menino Deus e Petrópolis. "São regiões de melhor acesso às universidades, com ciclovias, e com toda uma estrutura que garante melhor custo-benefício." Ela afirma também que a maioria busca por dois dormitórios, justamente para poder dividir as despesas. "Em geral, este público busca apartamentos com o mínimo de conforto e infraestrutura, e próximo de ciclovias. É um mercado estável, com bastante fluxo."

Destacando que processo de locação está desburocratizado - levando uma média de no máximo 48h - para ser concluso, Spolavori comenta que a maioria dos estudantes que chegam do interior busca por imóveis mobiliados. A tipologia mais procurada é de um ou dois dormitórios, observa. Nestes dois produtos, o valor médio é de R$ 900,00 a R$ 1300,00 mensais. Já o assistente de Marketing da Auxiliadora Predial, Douglas Rodrigues, afirma que as facilidades para este público têm aumentado ano a ano. "Na empresa criamos o Apê Universitário, uma campanha que gera mais agilidade, sem burocracias, além da negociação ser totalmente on-line, desde a visita ao imóvel até a assinatura do contrato." O processo, segundo Rodrigues, é feito em até 12 horas em média.

Proximidade com campus é fator decisivo na hora de assinar contrato

O estudante de Arquitetura Felipe Cardoso conta que, ao buscar locação, não encontrou muita burocracia. "Pediram apenas um fiador e aceitaram que fosse um amigo da minha mãe", afirma. "Em geral, solicitamos que o fiador seja um parente em primeiro grau", pondera o gerente comercial de Aluguéis da Guarida, Rafael Spolavori. "Eu levava mais de uma hora para chegar até a universidade, e, para assistir a uma cadeira que se inicia às 7h, precisava acordar em torno de 5h, o que ficava muito cansativo", conta o colega de apartamento de Cardoso, Telmo Guerreiro. "Estar a 10 minutos de caminhada até o campus facilita tudo", complementa, destacando que a localização é um aspecto importante na decisão por imóvel para quem está em uma universidade.

Impasse que permeia a busca por moradia da grande maioria dos jovens e adultos que ingressam na faculdade e precisam sair do Interior para residir na Capital, a proximidade com o campus também pesou na escolha do estudante de curso pré-universitário, Rodrigo Pirih Pecoits. Candidato a uma vaga na faculdade de Medicina, há dois anos, ele saiu de Francisco Beltrão, no Paraná, para tentar ingressar em uma das duas universidades federais que oferecem o curso no Rio Grande do Sul. Como ambas instituições ficam na região central de Porto Alegre, ele acabou optando por morar em uma unidade na avenida Independência.

"Meus pais queriam um apartamento para alugar, mas surgiu a oportunidade de comprar um imóvel, pois o custo-benefício seria maior", explica Pecoits. "A parcela do financiamento ficou próxima do preço do aluguel", emenda, destacando que os valores mais baixos estavam relacionados a imóveis mais antigos, sem infraestrutura e mal localizados. Cardoso, por sua vez, acha que fez um negócio vantajoso. As despesas com aluguel (do apartamento de um quarto) e condomínio ficam em R$ 878,00. "Ainda economizo no almoço e na janta, aproveitando o restaurante da Ufrgs." Com os recursos do auxílio-moradia que recebe da universidade, e dividindo as despesas com Guerreiro, ele comenta que tem conseguido viver com tranquilidade, dando total atenção aos estudos.

Fonte: Jornal do Comércio

 



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