Em 08/10/2018
Clipping – Jornal do Comércio - Venda de imóveis cresce no período eleitoral, aponta pesquisa (RS)
As incertezas e turbulências no cenário político têm efeito positivo em pelo menos um setor da economia: o imobiliário
As incertezas e turbulências no cenário político têm efeito positivo em pelo menos um setor da economia: o imobiliário. É o que mostra uma pesquisa sobre a venda de imóveis em Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte, que revelou alta superior a 40% na comercialização de unidades em períodos próximos às eleições. O momento foi reforçado nas análises de especialistas e empresas, que estão no especial sobre a construção civil, veiculado em fim de setembro, com reportagens reforçando que "a hora de comprar imóvel é agora".
A Alphaplan Inteligência em Pesquisas fez levantamento com base em estudos da Pesquisa de Mercado Imobiliário e apontou que, na capital gaúcha, a aquisição de imóveis aumenta em média 55% na comparação com o restante do ano, mais do que nas capitais mineira (48%) e paulista (37%). O estudo mostra ainda que o movimento é tradicional em períodos próximos às mudanças na Presidência da República.
Entre julho e setembro de 2002, por exemplo, na véspera da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, as compras foram 23% superiores ao restante do ano em Porto Alegre. Já entre fevereiro e abril de 2014, véspera da reeleição de Dilma Rousseff (PT), o número foi de 71%. Em agosto de 2016, mês que consumou o impeachment da ex-presidente, houve um aumento de 37% na negociação de imóveis, aponta a Alphaplan.
De acordo com o diretor da consultoria, Marcelo Bettio, a explicação para o fenômeno é a insegurança sentida pelos investidores em relação ao futuro, o que leva à busca por reservas de valor. “Os imóveis são vistos como uma forma de cristalizar o valor investido, porque representam um investimento seguro”, explica Bettio.
Diante da incerteza sobre o resultado eleitoral, o economista frisa que o investimento no setor imobiliário é uma boa opção também para as famílias. “É uma forma de consolidar o investimento familiar, porque, a longo prazo, sempre valoriza. Diferentemente do mercado de ações, por exemplo, que é volátil”, indica o diretor da Alphaplan.
Em 2018, o momento de desconfiança com o cenário político acontece próximo à retomada da construção civil, que amargou seguidas retrações no volume de vendas nos últimos anos. O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin Júnior, alertou que quem tem interesse em fazer o investimento em um imóvel deve fazê-lo agora, "já que há um estoque alto disponível ao mesmo tempo em que há necessidade das empresas do ramo em fazer caixa".
Para quem estiver pensando em comprar imóvel, o índice FipeZap de setembro apontou queda de 4,54% nos preços das unidades residenciais ofertadas em canais de internet nos últimos 12 meses nas principais cidades brasileiras. De acordo com o indicador, o valor do metro quadrado médio em 15 bairros de Porto Alegre ficou em R$ 5.608,00, mais caro apenas do que Goiânia e Salvador entre as grandes capitais.
Procura por empreendimento cresceu 30%
A tendência de alta na venda de imóveis no período eleitoral foi percebida pela Mocellin Incorporações, em um novo empreendimento na zona Norte de Porto Alegre. Apesar de seu pré-lançamento ter sido realizado em maio, a procura por imóveis e as visitas ao plantão de vendas se intensificaram cerca de 30% somente em setembro, afirma o diretor da empresa Fernando Mocellin. Segundo ele, a tendência é de que a busca se intensifique nos próximos meses.
“Os juros estão baixando e as condições para a retomada do crescimento estão postas. Falta confiança”, afirma o executivo. Para ele, depois dos seis meses do novo governo, o mercado tende a consolidar a expansão. “A partir do momento que as coisas não mudam em termos de política econômica, não há quebra da confiança”, avalia Mocellin.
Fonte: Jornal do Comércio
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