Em 22/08/2018
Clipping – O Globo - Depois de ‘quase hotel’ e abrigo de sem-teto, prédio do Morro da Viúva será condomínio de luxo no Flamengo (RJ)
Construtora paga R$ 26 milhões ao Flamengo para transformar prédio da antiga sede do clube em grande empreendimento
Ele já foi sede do Clube de Regatas do Flamengo, moradia de atletas, quase virou hotel nas mãos do empresário Eike Batista, sofreu uma invasão de um grupo de sem-teto e, depois de desocupado e devolvido à administração do time rubro-negro, permaneceu fechado por pelo menos três anos, completamente abandonado. Este ano, o destino do edifício Hilton Santos, na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, voltou a dar uma guinada. O prédio do Morro da Viúva, com vista para o Aterro do Flamengo e Pão de Açúcar, será, enfim, revitalizado.
Comprado por uma construtora, o edifício será modernizado. A fachada, hoje degradada, repleta de pichações e com reboco deteriorado, passará por mudanças. As plantas dos 148 apartamentos, que custarão entre R$ 2 milhões e R$ 3,5 milhões, também serão transformadas para dar lugar a imóveis com três suítes.
Iphan aprovou projeto
Operários já trabalham no local para desmontar a parte interna do prédio, com vista deslumbrante, mas nenhuma vaga para estacionar os carros de moradores. Para resolver o problema, a construtora responsável pelo empreendimento promete erguer um edifício-garagem na parte de trás do terreno.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) teve que aprovar o acréscimo do edifício-garagem e toda a intervenção no prédio, que, embora não seja tombado, fica diante do Aterro do Flamengo, um bem preservado. Segundo o órgão, o projeto recebeu o “ok”porque não vai gerar qualquer impacto no entorno.
"Vamos manter alguns elementos do passado, mas a ideia é de um edifício moderno. Um escritório internacional de arquitetura está sendo selecionado para tocar o projeto", conta Rogério Jonas Zylbersztajn, vice-presidente da construtora que venceu a licitação para a compra do Hilton Santos.
O Flamengo recebeu R$ 26 milhões pelo prédio que abrigou sua antiga sede. Além de receber a quantia, o clube ficou com 30% dos imóveis em permuta (44 apartamentos). De acordo com Alexandre Wrobel, vice-presidente de Patrimônio do Flamengo, a negociação foi muito vantajosa para os rubro-negros.
"Era um prédio que estava se deteriorando e não rendia nada para o clube. Quando assumi, em 2011, encontrei a seguinte situação: de cerca de 150 unidades, 60 estavam mal alugadas, 50 estavam destruídas e 40, ocupadas por pessoas desconhecidas. Com a venda, o clube recebeu o valor em dinheiro e terá ainda direito a 44 unidades modernizadas, sem nenhum custo", diz.
Histórico de confusões
A prometida revitalização do edifício dá um fim a uma série de confusões envolvendo o prédio, onde moravam atletas do Flamengo e também pessoas sem nenhuma ligação com o clube. Em 2012, o espaço foi arrendado por 25 anos, por R$ 19 milhões, pela Rex Hotel, braço imobiliário do grupo EBX, de Eike Batista. A ideia do empresário era investir R$ 100 milhões para transformar o prédio de 24 andares em um hotel quatro estrelas, com 450 quartos. Com o negócio, o Flamengo receberia também R$ 270 mil mensais.
Com a bancarrota das empresas de Eike Batistas, as obras, previstas para terminarem em 2015, sequer saíram do papel. O edifício ficou tão abandonado que, em abril de 2015, foi invadido por sem-teto. Um grupo de 100 pessoas ocupou o prédio e só saiu dos apartamentos após uma liminar judicial para a reintegração de posse.
Em 2016, o Flamengo rescindiu o contrato de aluguel entre o clube e as empresas REX e EBX, que perderam os valores já pagos. Desde então, o clube buscava compradores para o prédio. A licitação para a venda atraiu 16 empresas, inclusive do ramo de hotelaria, já que o prefeito Marcelo Crivella sancionou projeto de lei que permitia a transformação de uso da edificação para construções residenciais e de hotelaria.
Fonte: O Globo
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