Em 16/08/2018
Clipping – O Tempo - Primeiro arranha-céu de BH é reformado e vira hotel
Imóvel é tombado pelo patrimônio, e obras respeitaram construção original
Quando foi inaugurado em 1935, o Edifício Ibaté – que significa “o mais alto” em Tupi –, primeiro arranha-céu de Belo Horizonte, com dez andares, teria provocado dores no pescoço de belo-horizontinos de tanto que eles olhavam para cima para admirar o “espigão”. Há relatos, inclusive, de que filas foram formadas para conhecer o primeiro elevador da cidade, instalado na construção, que é tombada pelo Patrimônio Municipal desde 1994.
Depois de 23 anos fechado, apenas com uma sapataria funcionando no térreo, o prédio foi totalmente reformado para se transformar em hotel. A diferença é que, agora, ele passa despercebido aos olhos de quem transita pela rua São Paulo com a avenida Afonso Pena, no centro da capital mineira, por estar escondido entre outros edifícios três vezes maiores que ele.
Em estilo eclético e com influência art déco, desde a década 40, a definição de “o mais alto” já não se justifica para o Ibaté. Outros prédios com mais andares do que eles começaram a surgir em seu entorno, como o Acaiaca, de 1943, com 30 andares.
O Ibaté foi adquirido em 2007 por dois espanhóis, identificados apenas por Cesário e Serafim, que ainda aguardam da Prefeitura de Belo Horizonte a aprovação do habite-se e a liberação do alvará de funcionamento do hotel. “Por enquanto, eles preferem não falar sobre o futuro hotel”, conta o engenheiro civil Rafael Duran, da Rase Engenharia, empresa contratada para a reforma que demorou três anos.
Por ser imóvel tombado, as intervenções passaram pela diretoria do patrimônio da prefeitura. “Respeitamos as características originais”, ressalta Duran.
As fachadas com suas janelas, paredes laterais, escadas e elevador são originais da construção. “Toda a estrutura do prédio foi reforçada. Todas as paredes internas foram retiradas, e as divisórias, feitas com placas de gesso, que são mais leves”, disse. Duran conta que o hotel terá quatro suítes por andar. “Um dos andares terá o refeitório e a administração. Todas as instalações hidráulicas e elétricas foram trocadas, assim como o maquinário do elevador antigo”, disse, sem revelar o valor investido na obra.
Segundo o engenheiro, a expectativa é que o hotel seja inaugurado até o final deste ano. O nome dele ainda não foi definido. “Também não sabemos qual será a categoria do hotel, mas o padrão de acabamento será muito bom em relação aos demais hotéis do centro. Todas as suítes terão ar-condicionado individual”, adiantou.
Crise. O empreendimento surge em momento de crise no setor hoteleiro de Belo Horizonte. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-Nacional aponta que 90 hotéis encerraram suas atividades em oito das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, depois da competição. Belo Horizonte lidera esse quesito negativo, com 23 unidades que deixaram de operar.
“Balança, mas não cai” também é reformado
Outro prédio que passou por reformas, mas está fechado, é o famoso “Balança, mas não cai”, como é conhecido o Edifício Tupis, na avenida Amazonas com rua dos Tupis, também no centro de Belo Horizonte. Construído entre 1945 e 1947, a unidade comercial de 17 andares passou décadas abandonado e começou a ser reformada em 2008 para ser moradia popular.
O dono da construtora que o adquiriu, Teodomiro Diniz Camargos, disse que depende de uma ação na Justiça para entregar os 66 apartamentos, o que deve acontecer em breve. “Eram sete ações de usucapião. Seis já foram resolvidas”, disse.
Boatos de que o Tupis poderia desabar fizeram dele uma lenda. Como era o único prédio da região, as pessoas olhavam para cima e viam as nuvens passando atrás dele, dando a impressão de que ele balança.
Fonte: O Tempo
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