Estadão: Preço do imóvel cai até 6% em 7 meses
Esse é o caso de Curitiba, considerando a variação do metro quadrado em termos reais, de acordo com o índice FipeZap
SÃO PAULO - O momento mais comedido do mercado imobiliário se reflete no comportamento distinto entre as regiões. Enquanto há cidades onde o preço anunciado do metro quadrado, em termos reais, ainda sobe em ritmo forte, como Niterói (alta de 5,4% desde junho do ano passado), locais como Curitiba já registram correção de preços. Na capital paranaense, o metro quadrado teve uma queda real de 6,1% no mesmo intervalo (os números consideram a inflação pelo IPCA no período). As informações são do índice FipeZap, que a partir desse mês vai acompanhar informações sobre mais nove cidades, totalizando dezesseis.
Além de Curitiba, outras seis cidades tiveram queda real do preço anunciado dos imóveis desde junho de 2012, que é o início da série histórica do FipeZap Ampliado, lançado nesta segunda-feira, 4. São elas: Brasília (-5,8%), Florianópolis (-4,4%), Vila Velha (-3,5%), Vitória e Belo Horizonte (ambas com -1,1%) e Recife (-0,6%). "Regiões como Curitiba têm um dinamismo um pouco menor em relação ao mercado paulista, por exemplo, e agora conseguimos detectar isso", afirma Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice.
A valorização súbita dos imóveis não significa por si só que uma "bolha imobiliária" está se formando no mercado. Da mesma forma, uma queda de preços não é o único indicativo que essa suposta bolha está começando a estourar. No caso brasileiro, parece mais sensato supor que esse setor passa por um momento de ajuste após a euforia dos últimos anos.
Prova disso é que, em média, os preços continuam a subir. Em sete meses, houve aumento real de 1,9% nas dezesseis regiões pesquisadas. No mês passado, o valor do imóvel avançou 0,9%, índice próximo do desempenho em dezembro, quando teve alta de 1% (veja mais abaixo). O preço médio do metro quadrado ficou entre R$ 8.711 (Rio de Janeiro) e R$ 3.440 (Vila Velha) em janeiro. Em São Paulo foi de R$ 6.922 e a média nacional, de R$ 6.350.
A tendência de acomodação dos preços dos imóveis observada no ano passado permanece, na avaliação da Zylberstajn. "Evidentemente nos últimos anos o crédito habitacional foi fundamental (para a alta de preços), mas não sei se agora ele vai influenciar de forma expressiva na demanda", afirma. Para ele, alterações no mercado de trabalho, como aumento de desemprego ou crescimento menor dos salários, têm mais chances de acabar influenciando o setor imobiliário.
Outra constatação do índice ampliado é que há regiões onde a subida do valor dos imóveis se aqueceu como em São Paulo e Rio de Janeiro, as duas principais referências para esse setor o País e onde o preço do metro quadrado disparou mais nos últimos anos. Além da já citada Niterói (+5,4%), Porto Alegre (+4,6%) também registrou aumento real relevante de junho de 2012 para cá. As duas cidades superaram a alta dos mercado paulista e carioca no mesmo intervalo, cujas cotações do metro quadrado subiram, pela ordem, 4,2% e 3,5%. "Niterói está próxima do Rio de Janeiro, então é possível supor que a alta na capital fluminense acabe contaminando as cidades que estão em volta", diz Zylberstajn.
O índice FipeZap coleta em classificados da internet informações sobre o preço do metro quadrado de imóveis. Muitas vezes há diferença entre o valor anunciado de um imóvel e o de fato transacionado, mas a tendência de ambos caminha na mesma direção.
Variação do metro quadrado anunciado em janeiro:
FipeZap Ampliado +0,9% (média nacional: R$ 6.350 o m²)
São Paulo +0,9% (R$ 6.922 o m²)
Rio de Janeiro +1% (R$ 8.711 o m²)
Belo Horizonte +1,3% (R$ 5.014 o m²)
Brasília -0,1% (R$ 6.372 o m²)
Salvador +1,4% (R$ 4.041)
Fortaleza +3,4% (R$ 4.912 o m²)
Recife -0,2% (R$ 5.109 o m²)
Porto Alegre +1,3% (R$ 4.303 o m²)
Curitiba +0,9% (R$ 3.722 o m²)
Florianópolis +1,1% (R$ 4.436 o m2)
Vitória +0,9% (R$ 3.881 o m²)
Vila Velha +1% (R$3.440 o m²)
Santo André +0,8% (R$ 4.121 o m²)
São Bernardo do Campo - estável (R$ 3.929 o m²)
São Caetano do Sul +0,7% (R$ 4.760 o m²)
Niterói +0,6% (R$ 6.477 o m²)
Fonte: Estadão
Em 06.2.2013
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