Em 27/08/2018
Clipping – Jornal Nacional - Reconstrução de cidades atingidas pela lama da Samarco afeta imóveis (MG)
Imóveis que foram poupados pela lama agora têm rachaduras e afundamentos devido ao tráfego de caminhões e máquinas. Lista tem mais de 200 endereços
Moradores de um dos municípios mineiros atingidos pelo vazamento da barragem de Fundão têm se queixado de novas consequências da tragédia.
O perigo veio morar nos fundos da casa de Wenderson. Tem rachadura nas paredes e o calçamento da rua está afundando.
“Antes de começar a passar caminhão aqui, esse barranco não descia assim. Eles vieram falar que a gente que fez a casa no local errado. Se aqui a gente paga IPTU como que a gente vai fazer uma casa num local errado?”, pergunta o alambiqueiro Wenderson Carlos Atanazio.
O bairro Volta da Capela fica no alto de Barra Longa, distante do rio por onde a lama da Samarco passou. Moradores acreditam que tudo isso que está acontecendo seja efeito colateral das obras de recuperação da cidade.
É que para limpar o estrago da lama de rejeito foi preciso usar máquinas e caminhões pesados em ruas que não teriam estrutura para suportar tanto peso. A lista de quem foi poupado pela lama e se diz atingido pelas obras de recuperação já tem mais de 200 nomes e endereços.
Uma comissão de moradores atingidos afirma que entregou a lista à Fundação Renova, empresa criada para cuidar das ações de reparação. Eles pedem a reforma das casas e prioridade no atendimento de famílias que vivem em 30 imóveis que foram interditados pela Defesa Civil.
“O período da chuva está vindo aí. Quando chover vai piorar. Vai cair alguma coisa”, teme a auxiliar serviços gerais Andreia Mendes.
A Procuradoria da República está juntando documentos para abrir uma investigação sobre o caso.
“Quem tem maior capacidade técnica, quem tem maior capacidade econômica é que deve fazer a prova da não ocorrência do dano. Se uma casa dessas vier realmente a desabar, sobre as pessoas, é clara a responsabilidade dos diretores da Renova até mesmo na esfera criminal porque eles estão assumindo o risco de deixar essa situação se perpetuar”, disse o procurador da República Helder Magno da Silva.
Carolina e Carlos Alberto não queriam estar morando de aluguel, mesmo pago pela Fundação Renova. A casa deles está se acabando aos poucos.
“Eles falam que isso é um dano indireto. Isso não é um dano indireto não. Isso é o dano mais direto que aconteceu na minha vida. Chega, eu preciso de uma resposta. Isso é muito ruim, não desejo isso para ninguém”, disse a servidora pública Carolina Carneiro.
A Fundação Renova reconheceu que houve impacto das obras em Barra Longa e que já iniciou reparos em moradias. Declarou, ainda, que considera importante traçar um plano com as comunidades e com os órgãos competentes, com o objetivo de determinar uma relação de causa e efeito dos danos identificados nas casas.
Fonte: Jornal Nacional
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